quarta-feira, 30 de junho de 2010

Praga Bíblica




Existem duas coisas em grande escala aqui na África do Sul: Portadores do vírus HIV e argentinos. Não estou dizendo aqui que uma coisa está ligada a outra, por favor.
O primeiro infelizmente não tem data pra diminuir ou acabar, mas o segundo por sorte deve ser reduzido drasticamente em alguns dias. Parece praga, por todo lado que se olha tem um sujeito de azul e branco, soprando uma vuvuzela e cantando uma musiquinha sem graça exaltando o Maradona e aquela seleção de m...é de Maradona, vá lá. Não podem ver uma câmera que começam com a ladainha sem ritmo que só eles entendem. Os caras são marrentos e se acham os donos do mundo e além de tudo são machistas, só se vê "homem" por aqui, as hermanas não aparecem com facilidade. Pode até ser um certo ranso de brasileiro com argentino, mas o fato é que tenho rodado muito por aqui acompanhando várias torcidas, mas quando chega a pauta e lá tá escrito que vou cobrir uma partida da Argentina, automaticamente meu humor muda. Pelo andar da carruagem e só pra me irritar ainda mais é capaz desses caras ficarem aqui até a final, e pior, jogando a final. Se não bastasse os seus jogos, eles estão em todos os outros, parece que o governo argentino distribuiu ingressos e passagens para todo mundo de lá: É o Bolsa Copa do Mundo. Em um "clássico" como Paraguai e Japão tinha mais argentinos que as duas torcidas das seleções juntas. Engraçado dizer isso porque no dia desse jogo eu estava em Pretória e pra entrevistar um paraguaio "original" era preciso entrar em uma fila de espera ou fazer uma coletiva. Eu acho que desde a guerra do paraguai quando o Brasil quase dizimou a população daquele país, eles nunca mais conseguiram se repovoar. Bom, 2014 está logo ai e fico imaginando como será conviver com esse pessoal que invadirá o Brasil. Se para um lugar tão longe eles vieram aos montes, imagino como será em um tão perto.

domingo, 27 de junho de 2010

TOC





Hoje descobri que não tenho mais o pior dos meus TOC's (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e devo isso a minha vinda para África. Acho que já havia falado disso pra alguém, se não falei falo agora, mesmo sabendo que minha imagem ficará manchada pra sempre, tendo em vista o "grande" número de leitores que me acompanham nesse blog. Isso também comprometerá a renovação dos meus contratos de patrocínio, mas vamos lá.
Quando morava ai no Brasil, especificamente em Brasília, tinha a mania de ficar lendo placas de carro fazendo a aproximação das dezenas. Andando na rua, dirigindo, de carona com alguém esse era meu maior TOC. Exemplo: se eu via uma placa tipo AVT-1838, minha mente mudava os números para: 8183, assim aproximava as dezenas. Mas só ficaria bom de os números ficassem com diferença de no máximo 5 números entre uma dezena e outra, acima disso não valia. No exemplo que eu mostrei a diferença é de 2 números. Pois é, fui obrigado a perder essa mania. As placas daqui não tem 04 dígitos, são 03 letras, 03 dígitos e outras 02 letras que representam o distrito onde o carro foi registrado, ou emplacado. Nos exemplos que podem ver o GP no final de cada placa significa: Gauteng Province. Lê-se Rauten. O G é lido como R. Quem é mais abastado também pode pagar para simplesmente colocarem um nome na placa do carro e pronto.
Eu já tentei fazer a aproximação das letras, pensei em combinar letras com números, inverter a ordem dos números com as letras transformando em múltiplos de dois, somar os números e dividir pela colocação de cada letra no alfabeto e assim aproximar as duas primeiras letras pra combinar com os três dígitos...
O que foi? eu não sou louco. Alguma sugestão? se vai fazer algum comentário sem graça, aproveite pra se abrir também e contar qual é o seu TOC. O doutor Gikovatti vai responder a todas as suas dúvidas.

sábado, 26 de junho de 2010

Meu BraSil




Recentemente escrevi sobre a minha emoção ao ouvir o hino nacional brasileiro e em outro post sobre a minha felicidade e sorte de ser brasileiro. Hoje quero falar da minha decepção com o que tenho visto por aqui relacionado a imagem do nosso país. Todo mundo já sabe que a próxima copa do mundo será no BraSil, porém, nosso governo tem mostrado ao mundo que a próxima copa será no BraZil. Desde que me entendo por gente aprendi que o nome do meu país é BraSil com "S" e não com "Z" como o mundo conhece. É um nome próprio ou não é? o meu nome em qualquer parte do mundo será sempre o mesmo. A pronuncia e o sotaque pode fazer com que ele se altere, mas forma de escrever será sempre a mesma. Foi aberto aqui em Johanesburgo um espaço totalmente dedicado a divulgação da próxima copa chamado Casa Brasil. Patrocinado pela AMBEV e administrado pela EMBRATUR. Criaram stands de todas as cidades sede dos jogos em 2014. Salvador mandou até uma baiana caracterizada, Recife tem uma representante da secretaria de turismo que vive com uma sombrinha de frevo na mão tirando foto com todo mundo, o stand de Cuiabá está entregue as moscas, Brasília até pensou em mandar o Arruda, mas como ele não teve tempo de tomar a vacina contra febre amarela, ficou em casa. Mas a nossa gloriosa agência nacional de turismo agiu rápido e criou um site informativo aos interessados pelo assunto copa do mundo, deixando claro que até pra "nós" (me inclua fora desse nós) que o BraSil é com "Z". www.braziltour.com
Não sei se essa é uma questão de marketing, política internacional ou coisa parecida, só sei que pra mim o BraSil será sempre BraSil.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Tem que Ter Saco






Ontem falei da minha emoção em ouvir o hino nacional brasileiro em um jogo de copa do mundo. Pois é, hoje quero falar do caos que é chegar a esse ponto. Talvez interpretem como ranzisse, coisa de velho, ou que estou reclamando de barriga cheia. Vamos lá, ao final interpretem como quiser. O primeiro passo até que foi fácil, conseguir o ingresso: O meu parceiro Lula que já está aqui há mais de um ano tinha um sobrando e me fez a gentileza de não se tornar um cambista e me vendeu pelo preço que pagou, quinhentos e sessenta Rands, algo em torno de cento e quarenta reais e ainda vai esperar meu pagamento sair. Ingresso na mão faltava saber se teria folga no dia do jogo. Uma conversa com o chefe e tudo bem, folga. Combinei com um amigo do R7 que iria fazer a cobertura de sairmos juntos para estádio, mas tinha que ser bem antes do horário. O jogo era as oito e meia da noite, combinamos sair as três e meia da tarde. Já tinha ido ao mesmo estádio em dia de jogo e sabia como seria complicado chegar cedo. Junte-se a isso o fato de estar com um jornalista que tinha como pauta cobrir a chegada das torcidas minuto-a-minuto, sair cinco horas antes era o mínimo que poderíamos fazer. Pra nossa sorte o trânsito estava tranquilo nesse horário e só levamos trinta minutos pra chegar, mas o chegar não é bem na porta do estádio. Os estacionamentos para carros sem credenciamentos, ou seja, de todos os torcedores, os mais próximos ficam cerca de quatro quilômetros da entrada principal do estádio. A explicação é que haveria um sistema de transporte que levaria todo mundo até a porta (para alguns isso é o economildo), mas isso não ficou pronto a tempo. Esse atraso aqui passou e ninguém reclama, pra FIFA tá tudo lindo. Faltando quatro anos para copa do mundo no Brasil e já estão reclamando do atraso. Eles devem saber que sempre deixamos nossa declaração do imposto de renda pra última hora né?!. Voltando ao assunto, depois de mais vinte e cinco minutos de caminhada pela poeira chegamos ao nosso destino. No caminho uma surpresa, ambulantes. No último jogo que tinha ido cobrir no mesmo estádio reclamei disso: milhares de pessoas andando em direção ao estádio, muitos com sede, fome ou frio e ninguém pra vender nada. Dessa vez, sabendo que um monte de brasileiros consumistas passariam por ali resolvereram trabalhar e ganhar um extra.Tinha churrasco, cerveja, refrigerante, gorros, luvas e as malditas vuvuzelas, claro que um vende a vuvuzela e o outro vende o fone auricular, quase uma venda casada, mas não sei se tem PROCON por aqui. Depois dessa luta toda só resta relaxar e isso mesmo, fico sem jeito de falar o resto da frase da sábia ex-ministra que entende de sexo como ninguém. Entrei, encontrei minha cadeira, sentei, levantei, sentei, levantei, sentei, levantei...isso não é um erro de digitação, é que toda hora passa alguém e o espaço entre as cadeiras é muito pequeno e você tem mesmo que levantar toda hora. Lembrei de outro ministro, o Nelson Jobim da defesa que sugeriu aumentar o espaço entre as cadeiras dos aviões pra resolver os caos aéreo, lembra? e por falar em defesa heim?! que defesa é essa? ah!! depois de tudo isso vem o maldido som ensurdecedor das vuvuzelas. Já está até ritmado, um infeliz sopra em um tom e outros milhares respondem em outro bem mais alto. Pode até ser que caia um ingresso na minha mão, mas não vou fazer esforço nenhum pra conseguir outro. Sei que vou voltar ao mesmo estádio e fazer a mesma peregrinação de novo, mas vou parar na porta porque estarei trabalhando.

Emoção




Em 2010 eu completei vinte e quatro anos trabalhando com comunicação. Passei por várias emissoras de televisão de Brasília e por algumas sucursais de outros estados, produtoras e agências. Já fiz muita coisa: eventos jornalísticos, publicitários, esportivos ao vivo ou gravados e até de campanhas políticas. Conheci muita gente, muitos lugares, artistas, jornalistas, atletas, personalidades brasileiras e estrangeiras. Tudo sempre me pareceu natural e corriqueiro, mas uma coisa sempre me emocionou: ouvir o hino nacional brasileiro. Em um estádio de futebol, em um jogo da seleção brasileira eu já estive, já ouvi o mesmo hino em situações parecidas, mas hoje tive uma emoção diferente ao ouvi-lo, mesmo com o corte mal feito pela organização do evento que só toca trinta segundos. Ouvir o nosso hino em um jogo de copa do mundo não sendo mais um profissional no estádio, mas um torcedor, estando longe do Brasil, da família, dos amigos é algo quase impossível de se explicar. Muita coisa se passa pela cabeça, nesses poucos segundos de execução dos acordes. No exato momento me fiz uma pergunta: o que eu estou fazendo aqui? pode parecer um certo exagero mas é como se eu tivesse sido sorteado em uma promoção do cartão de crédito e ganhado o direito de estar entre oitenta e quatro mil privilegiados, mesmo não tendo um. Qual seria minha emoção se estivesse naquele momento com as pessoas que amo? Lembram da garagem do senhor Nivaldo na copa de 82? Pois é, vinte e oito anos depois estava eu lá, no Soccer City, em Johanesburgo, na África do Sul, segurando a bandeira do Brasil, cantando o hino nacional, com os olhos cheio d'água, sendo cumprimentado por um sul africano que se disse impressionado pela minha emoção ao me ouvir cantar o hino. Acho que não preciso falar do jogo né?!

sábado, 19 de junho de 2010

Melrose Arch






Para aqueles que gostam de frequentar lugares mais requintados e até requentados, por causa do frio que faz aqui, vai ai uma dica: Melrose Arch. Quem mora em Brasília pode comparar o lugar ao Gilberto Salomão, mas por favor guardem as devidas proporções e bota proporções nisso. Estive lá de novo pra acompanhar desta vez as torcidas de Holanda e Japão. O lugar mesmo sendo para as classes mais privilegiadas é muito visitado, principalmente aos sábados. Pelas fotos podem notar que o lugar é um grande bar a céu aberto. Na verdade são vários bares e restaurantes que servem de tudo. Alguns mais tradicionais tem decoração e pratos típicos da África. Não sei dizer se em um deles tem carne de zebra ou de girafa, mas frutos do mar tem e eu posso dizer que é muito bom e muito bem servido. Apesar do lugar ser para quem tem grana, os custos para quem recebe em real ou dólar é bem suave. Neste período de inverno, são espalhados pelo lugar aquecedores a gás e cobertores para cada cliente que solicitar, tornando o lugar ainda mais agradável. Durante a copa o lugar tem sido muito procurado pela sua localização, pela diversidade e também pelo enorme telão que colocaram na praça central. Todos os povos tem se encontrado lá: pra torcer, pra comer e beber, mas nem todos saem felizes, hoje por exemplo os poucos torcedores do japão não tiveram motivos pra sorrir. Outra pessoa que ficou muito triste foi o Galvão Bueno e por minha causa e minha simpatia. Estava ao lado dele quando um casal de Recife se aproximou e o rapaz me perguntou se eu era da Record e se podia tirar uma foto comigo. Levei um susto e até imaginei que ele precisava de um fotógrafo pra tirar uma foto deles com o Galvão. Ele me explicou que no dia do jogo da Espanha a mãe dele o viu no Jornal da Record dizendo que ele ficou lindo. E esse foi o motivo pro Galvão Bueno ficar de bico comigo. Por favor, respeitem também a proporção dos fatos relatados.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Problema Diplomático/Doméstico



Ontem quase liguei para o Itamaraty, pedindo ajuda pra resolver um problema diplomático. Estamos, eu e todo mundo da Record morando em uma espécie de hotel condomínio no bairro de Hundburg em Johanesburgo (fotos do condomínio em destaque) são várias casas com três ou quatro moradores em cada. Pois então, em cada casa pela manhã vem uma senhora fazer a limpeza como se fosse um hotel. Como são três homens aqui e a bagunça é sempre grande, resolvemos fazer um caixa dois semanal pra ajudar a Lembu. Contudo baixou um Durval Barbosa nela e acabou falando para as outras que ganhava dinheiro da gente e ai todas passaram a pedir e quase exigir dos outros moradores a mesma coisa. Uma comissão foi criada (lembrança de Brasília) e alguns membros vieram reclamar comigo do que estava acontecendo.
_ Porra Constâncio, vocês ficam dando dinheiro pra Byoncê (apelido dado a Lembu) ela fala pras amigas dela e agora a gente não tem mais sossêgo.
Apesar da dificuldade do idioma pra quase todas elas, o gesto de pedir dinheiro é universal.
Começou meu drama, vou ter que cortar a caixinha, mas preciso explicar isso pra ela. O inglês já não é muito bom e a situação é meio constrangedora. Ensaiei o discurso e soltei o verbo.
_ olha Lembu, nós estamos lhe dando dinheiro pra te ajudar, mas você falou muito e agora suas amigas estão exigindo o mesmo. Não temos obrigação de dar nada pra você nem pra ninguém, por isso não vamos mais te ajudar.
A mulher ficou louca, começou a dar explicação em uma mistura de inglês e zulu que eu não entendia nada.
_ English speaking Lembu (como se isso ajudasse)
Ela me pediu licença e saiu. Do lado de trás da casa onde moro fica a casa onde elas ficam. O pau comeu entre elas em zulu. Se ouvia o bate boca a quilômetros e eu ali, sentado...foi meu erro, devia ter saído logo. Minutos depois entram três delas me exigindo explicações.
_ quem falou isso? porque falaram isso?
E já de saco cheio mandei uma definitiva e sai.
_ eu não quero mais problemas. Resolvam vocês.
Um pouco mais tarde eu voltei e a Byoncê me pediu desculpas. Eu expliquei pra ela com um pouco de exagero pra assustá-la que esse tipo de contribuição no Brasil é considerado corrupção, por isso quem recebe deve ficar calado. Ela entendeu e só por isso não foi necessário acionar o embaixador do Brasil na África do Sul.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Velhos tempos


Engraçado como as coisas mudam de um dia para o outro. Ontem falava da emoção que tive em entrar em um estádio pela primeira vez em um jogo valendo pela copa do mundo e hoje senti exatamente o contrário, mesmo não estando dentro do estádio em nem perto de um. A pauta prevista pra hoje era mostrar os brasileiros que não iriam ao estádio, como e onde assistiram o jogo de estréia do Brasil contra a Coréia do Norte, aqui na África do Sul. A Fifa e a Coca Cola criaram grandes espaços com telões gigantes onde o público que não vai ao estádio pode além de curtir alguns shows ao vivo também assistir aos jogos, o Fan Fest. Só que o frio de dois graus de hoje espantou os torcedores brasileiros que já não estão em grande número por aqui. Resolvemos buscar então, os que assistiriam o jogo em um restaurante brasileiro chamado Brazilian Grill, que fica em um bairro mais afastado do centro de Johanesburgo, Eden Valle. Outra decepção, o lugar estava vazio e os poucos brasileiros que por lá estavam não pareciam muito empolgados. Por um lado foi bom porque aproveitei pra comer churrasco rodízio. A variedade era bem pequena mas deu pro gasto, o problema é que a churrasqueira fica tão longe das mesas que com ajuda do frio a carne já chegava fria.
Mas o porque do título? é que quando começou o jogo, vendo aquela calmaria toda, só conseguia me lembrar dos meus tempos de moleque, especificamente da copa de 82 da Espanha e do local onde assisti todos os jogos da seleção, até aquela fatídica derrota pra Itália. Lembro que nos reuníamos na garagem da casa do Sr. Nivaldo, praticamente todo mundo da rua ia pra lá. O aperto para assistir aos jogos em uma televisão de vinte polegadas à válvula com antena reforçada com uma esponja de aço, o famoso Bombril era o grande charme. Isso sim era tempo bom, tínhamos uma seleção de craques em campo e uma ainda melhor na torcida.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Clima de Copa do Mundo






Quando eu cheguei aqui no dia 21 de maio, comentei com os amigos que não parecia que em vinte dias começaria o maior evento mundial do futebol. Nem no aeroporto vi imagens que me fizesse lembrar disso e nas rua muito menos. Não é que a coisa toda estava sendo ignorada, mas o ritmo era diferente, não havia um ritual de boas vindas, outdors espalhados pela cidade, esquema especial de segurança, não, nada disso. Mais parecia que o evento já havia acabado e que tudo estava sendo desmontado. Ai, contrapondo ao que falei ontem sobre nós brasileiros reclamarmos de tudo, tenho certeza que se fosse no Brasil, um ano antes já estaria tudo colorido, esquemas montados para receber os turistas, vários shows sendo realizados, vídeos da televisão, campanhas educacionais em outdors. Se tem uma coisa de que devemos nos orgulhar é da nossa criatividade. Temos os maiores publicitários e marketeiros do mundo, ou não temos? a copa de 2014 será no Brasil, as olimpíadas de 2016 também, isso é ou não uma excelente campanha de marketing?
Mas eu falei disso porque hoje senti que a copa realmente começou e começou pra mim. Tenho trabalhado bastante, corrido de um lado para outro e ainda não tinha entrado em um estádio em dia de jogo valendo pelo torneio. Hoje, mesmo sem autorização e credenciamento no jogo entre Holanda e Dinamarca no maior e mais moderno estádio construído para copa, o Soccer Citty, quando apenas esperávamos a saída da massa laranja para algumas imagens e entrevistas percebemos que faltando vinte minutos os portões se abriram e com o jeitinho brasileiro, mesmo não sendo permitido conseguimos entrar e ainda tivemos tempo de ver o segundo gol da vitória da Holanda. Amigos posso afirmar que a sensação é muito boa e inesquecível, ainda que não tenha sido um jogo da seleção brasileira, que convenhamos, mesmo sendo uma fábrica de volantes sempre emociona. Se tudo correr bem espero estar no jogo do dia vinte no mesmo estádio e dessa vez pra ver toda a partida entre a o Brasil e a Costa do Marfim, mas isso é assunto para outro post.
Bafana Bafana!!

sábado, 12 de junho de 2010

Ser Brasileiro





Nós brasileiros somos mestres em reclamar da vida e sempre tentamos nos colocar no lugar de outros povos. Eu acho que todo mundo já fez isso um dia. Mesmo que sem querer acabamos esbarrando em comparações que muitas vezes são injustas: "que porcaria de carro nacional, se eu tivesse na Itália eu teria uma Ferrari", "esse chocolate é uma droga, o bom mesmo é o suiço", "até o Mc'Donalds daqui é ruim, original é só o americano".
Eu tomei uma decisão, não reclamo mais do meu país. Não é porque me faz falta o café o arroz e o feijão e nem é porque a África do Sul é ruim, porque não é. Apesar de não ter conhecido quase nada, já pude sentir que é um lugar maravilhoso pra se viver e para se visitar. Não vou reclamar mais porque pelo simples fato de ser "brasileiro com muito orgulho e muito amor", tenho conseguido me virar bem e sei que é assim em todas as partes do mundo. O sorriso das pessoas é diferente quando se diz: I'm from Brasilian, a receptividade é outra, o interesse em saber da sua vida, da sua história. Não se trata de futebol apenas, se trata de conhecer nossa alegria, nossas raízes, perguntam pelo café, pela capoeira e sim claro porque o Ronaldinho não veio, quem é Grafite? Até para trabalhar fica mais fácil. Como devem saber estou trabalhando para a TV Record que apesar de não ter conseguido os direitos de transmissão dos jogos da copa está aqui com uma equipe bem grande. O fato de não sermos credenciados Fifa, é um impedimento para entrarmos em muitos lugares, mas como somos brasileiros as portas costumam se abrir, sem presentes...claro. Eu não sei se é porque sou bonito, se sou brasileiro ou porque sempre carrego uma câmera enorme comigo, mas tem sempre alguém querendo tirar fotos comigo. Na minha modéstia, acho que é por causa da minha beleza. O que você acha? seja sincero(a)!
Bafana Bafana!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Título africano






Quando a seleção brasileira conquistou o título mundial em 2002, o quinto por sinal, eu estava em Brasília e trabalhei na cobertura da chegada dos campeões a cidade. Em uma carreata que saiu do aeroporto até o palácio do planalto, cerca de um milhão de pessoas se espremiam e corriam atrás do caminhão do corpo de bombeiros. Hoje, presenciei e até me emocionei, mesmo trabalhando que nem gente grande, com a demonstração de apoio e carinho do povo sul africano para sua seleção de bafanas bafanas. De todos os cantos da cidade de Johanesburgo saia gente e aos poucos dois quarteirões foram tomados por apaixonados torcedores. Se pararmos pra pensar, há pouco mais de quinze anos os negros não teriam o direito de sair as ruas e se reunir para fazerem uma manifestação como esta. Não só os negros, como milhares de brancos se uniram em uma única corrente que ressoou ao longe e agora o mundo inteiro já sabe o que uma torcida de um time mediano é capaz de fazer. Agora não são só vuvuzelas, que por sinal pareciam ser pelo menos duzentas mil tocando dentro do meu ouvido, tem também o suor, a alegria, os gritos a todo pulmão e o que é mais impressionante, a admiração do povo negro por um zagueiro branco chamado Matthew Booth.
O time pode não ser bom, mas já vi torcida modificar o placar de jogos por causa do incentivo. Se antes de entrar em campo já foi assim, imagino como será se ganharem do México na abertura da copa.
Não é preciso dizer que ao final de tudo eu estava um bagaço.

Bafana Bafana

domingo, 6 de junho de 2010

Meio de transporte




Alguns amigos me perguntam como é a vida aqui na África do Sul. Bom, eu cheguei apenas há alguns dias e só conheci uma pequena parte da cidade de Johanesburgo e outra menor ainda de Pretória. Uma coisa eu posso dizer com certeza, o transporte público é muito precário. Quem chega ao país por avião se depara com um aeroporto de primeiro mundo. O.R Tambo (Oliver Reginald Tambor) tem esse nome em homenagem à Oliver Tambor ex-presidente do partido sul-africano do Congresso Nacional. Pois bem, ao sair de qualquer aeroporto é muito comum você escolher o taxi que desejar pra te levar onde quiser. Aqui não é bem assim, quem pensa que ao chegar vai encontrar uma fila de taxi e motoristas brigando por passageiros, está enganado. Se der sorte, no máximo vai encontrar umas três ou quatro mercedez benz bem chamativas na saída do aeroporto. Detalhe: adesivos nas portas deixam bem claro que o quilômetro rodado custa quinze rands e cinquenta centavos, isso em reais é algo em torno de três reais e setenta centavos e tudo aqui é muito longe do aeroporto. Outro detalhe é que não se aceitam dólares para pagamento de quase nada, ou você tem rands, ou não tem dinheiro.
Não existem ônibus por aqui e o motivo é que as vans dominam o mercado de transporte coletivo o que é considerado uma verdadeira máfia. Já houve tentativa de implantar empresas de transporte coletivo com ônibus, mas alguns atentados a bala deram fim a essa tentativa. Nota (acho que pode ser comparado ao que aconteceu em Brasília quando acabaram com a máfia das vans) aqui também ouve-se dizer que o mercado é dominado por policiais. Por outro lado o trânsito fica muito complicado nos pontos mais comuns da cidade pelo excesso de vans que sequer são identificadas como transporte coletivo.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Tecnologia a serviço da informação


No meu último post falei sobre a tentativa de conseguir imagens para uma matéria sobre o sequestro do brasileiro aqui na África do Sul. Hoje vou falar sobre o desfecho desse episódio e prometo que será o último, a menos que o cara caia em outro golpe e venha parar aqui de novo. Pois bem, ontem pela manhã saímos cedo rumo a Pretória, a capital executiva da África do Sul que tem três capitais (maiores informações consulte wikipédia) http://pt.wikipedia.org/wiki/África_do_Sul, o assunto aqui é outro. Como eu ia dizendo, a nossa missão era encontrar o brasileiro que estava sob proteção da polícia. A nossa produtora daqui descobriu o hotel onde ele estava hospedado e nós teríamos que fazer imagens do cara e se possível convencê-lo a dar uma entrevista. A ordem era pra nem ir com o uniforme da Record pra não dar na cara e assustar a presa, quer dizer o alvo, o assunto. Chegamos cedo, sentamos no saguão do hotel, ficando na encolha em um local onde conseguíamos ver os elevadores e ao mesmo tempo as mesas do café da manhã. Mas se fizerem um grande esforço visual poderão notar na foto que eu não usava nada que me delatasse a não ser pela discreta "micro-câmera" que só quem olhos muito bem treinados poderia notar. Detalhe, o cara não notaria mesmo, ele já tinha ido embora quando chegamos.