segunda-feira, 27 de junho de 2011

Evolução Humana





















Se existe uma explicação científica ou religiosa para a evolução humana, ficou mal explicado o motivo pelo qual esse fato não chegou a alguns países do continente africano. Não consigo entender certas coisas, quando penso no que o homem foi capaz de fazer em séculos de sua existência. Se hoje o homem é capaz de criar máquinas gigantescas que podem voar, fazer viagens pelo espaço, mover toneladas de aço flutuante pelo mar como se estivessem na terra, mover outras toneladas pelo fundo do oceano por vários meses sem a necessidade de reabastecimento por ser movida a energia nuclear. Se o homem é capaz de prever com exatidão o momento em que vai chover, que vai nevar, se o homem é capaz de salvar vidas, curando doenças, fazer transplantes de órgãos entre pessoas vivas, como é que se explica o fato de existirem crianças na África que nunca viram uma balinha, um chiclete? Que se assustam ao verem sua imagem em uma câmera fotográfica digital, um segundo após ser clicada?
Creio que essa mesma explicação científica que considera a África o berço da humanidade por ter sido aqui encontrado o mais antigo fóssil humano da história, deveria continuar pesquisando e divulgando que aqui, ainda estão os homens "evoluídos" mais próximos dos homens das cavernas que há séculos deixaram de existir. Que aqui, é como se tivessem se contentado com o simples fato de passarem a andar de forma ereta e não mais de quatro como os animais.
Se a explicação bíblica for correta, de que o homem foi uma criação divina, parece que essa parte do mundo funcionou como teste de um experimento maior, que após concluído teve seu protótipo esquecido em um depósito e que por insistência de alguns operários menos informados, tentaram concluir outros projetos menores que ficaram pelo caminho por falta de recursos.
Séculos e séculos se passaram e ainda hoje vemos homens que lutam para sobreviver comendo ratos, crianças chupando cana o dia inteiro como única fonte de energia, família inteiras vivendo dentro de um espaço que mal caberia uma pessoa.
Sei que as cenas que vi nos últimos dia no Malawi são de conhecimento do mundo inteiro, de grandes órgãos de defesa da vida como a Unicef que está por aqui, mas talvez por ser um país sem recursos naturais que impulsionariam os negócios de grandes empresas, essa parte do mundo tenha sido esquecida como o protótipo do homem que deixou de evoluir.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Escola Pública na capital do Malawi




O tempo vai passando e eu vou me embrenhando cada vez mais na África, conhecendo a realidade que só via na TV, em documentários. A realidade é bem pior que parece e sei que pode piorar ainda mais. Essa semana estou no Malawi e hoje me deparei com uma cena que só tinha visto em fotos no museu do apartheid na África do sul. Foto em museu parece ser uma coisa antiga, ultrapassada, mas aqui, mesmo sem uma separação racial a imagem é bem real e longe de fazer parte de uma exposição. Crianças, negras em sala de aula, sem mesas ou cadeiras sentadas no chão apoiando seus cadernos nas pernas ou mesmo no piso sujo e grosso. Algumas ainda podem apoiar as costas nas paredes, outras se curvam sem apoio algum, aprendendo pouco e acabando com a coluna. A professora se esforça utilizando um quadro negro do tamanho de um flip charter que usamos em reuniões. E acreditem, essa é uma escola pública na capital do país Lilongwe. Essa escola tem em sua maioria crianças de um vilarejo que parece ter sido esquecido no meio do nada, sem água, sem energia elétrica e saneamento básico. Absolutamente nada. É muito triste ver que algo que antes parecia tão distante está bem aqui ao lado. A sensação de impotência em ajudar aumentou ainda mais, quando sem saber o que encontraria na vila, não me preparei para levar alguma coisa que as crianças de lá gostassem. Pra piorar um pouco ao me despedir, encontrei na bolsa da câmera uma caixa com alguns chicletes e sem pensar ofereci a um dos meninos que me cercavam e com isso provoquei uma confusão generalizada e de certa forma chocante. Não adiantava tentar me comunicar em inglês ou português, dizendo que podiam dividir os 10 tabletes para que 20 crianças pudessem provar. Ainda assim o número de crianças era bem maior. O idioma falado pelas crianças e pela maioria dos adultos é o Chichewa. Ainda surgiu uma outra caixa de chicletes da bolsa da Adriana, mas nem assim foi possível para acalmar a molecada. Em pensar que com muito pouco se pode fazer uma criança sorrir mesmo vivendo em uma situação como a que vivem. Confesso que mesmo vendo algumas delas sorrir, sai de lá com um nó na garganta por não ter sido capaz de fazer com que todas sorrissem. Voltamos mais tarde com algumas coisas para elas, mas a sensação de impotência com certeza vai continuar por muito tempo.

Fotos: Adriana Bittar

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Hotel no Malawi

Ao contrário de Angola, a primeira impressão do Malawi não foi das piores. É um país da África Oriental, limitado a norte e a leste pela Tanzânia, a leste, sul e oeste por Moçambique e a oeste pela Zâmbia. Capital: Lilongwe. Parte da região oriental do país é banhada pelo Lago Niassa, que em inglês é conhecido como Lake Malawi. O aeroporto não é dos maiores, mas é bem organizado e os agentes de imigração são educados. A capital Lilongwe é bem simples e o prédio mais alto deve ter algo em torno de cinco andares. Um hotel 05 estrelas está sendo construído no centro da cidade e deverá ter 12 andares. Como não sabiam que eu vinha para cá, não ficou pronto a tempo. O jeito foi ficar no Crossroads Hotel mesmo. Não sei quantas estrelas tem e nem se tem alguma, mas é um lugar bem agradável. Até a hora do banho, porque hoje senti o que sente uma pessoa que tem apenas um braço, ou pelo menos uma pessoa que perdeu um deles recentemente. Imagine tomar banho usando um chuveiro que insiste em ficar virado para a parede. Não sei se por timidez ao me ver ou birra por falta de água quente, mas o meu drama era tomar banho usando apenas uma das mão porque a outra tinha que segurar o maldito chuveiro para que a água estivesse na minha direção. Tentei apertar, ajustar, mas não deu. Por hoje passou, mas amanhã ele não escapa de uma boa fita crepe.

sábado, 18 de junho de 2011

Amigos Brasileiros





Desde que cheguei aqui na África, conheci muitas pessoas, a maioria brasileiros. Um povo que tá espalhado por todos os cantos do mundo e aqui não é diferente, ainda bem. No último mês, depois de renovar meu contrato com a TV Record por mais 01 ano, resolvi alugar um novo apartamento. Primeiro para ter mais espaço, porque o anterior só tem um quarto e quando minha família veio de férias tivemos que fazer um verdadeiro acampamento dentro de casa, com direito a colchonete e tudo mais. Só não fizemos uma fogueira na sala, que não seria má ideia. Depois porque mesmo em um lugar maior eu poderia pagar menos. Tudo resolvido, encontrei um bom lugar de 02 quartos, bem localizado e por um preço bem justo. Porém, ao contrário do anterior esse não tem nenhuma mobília, quer dizer, não tinha. E ai aparecem os grandes amigos que fiz por aqui, sem desmerecer os outros. Andrea Marroquim que me ajudou a encontrar um lugar bom, por morar perto e conhecer todos os condomínios por aqui, Alexandra e Fernando, esse casal que hoje dia 17 de junho de 2011 voltou no para o Brasil me vendeu todos os seus móveis por um preço bem camarada e ainda parcelaram, como se faz nas lojas do Brasil. Agradeço imensamente aos dois com quem convivi por pouco tempo, mas sei o quanto são amigos e torço para que tenham muito sucesso em sua volta ao nosso país. Esses três só os conheci, porque antes já havia conhecido a Flávia Rizzini, um anjo da guarda até hoje e que também já voltou para o Brasil. Finalmente, Antônio e Rodrigo Petrelli, não são personagens de filme de super-herói apesar do sobre-nome, mas estão sempre ao meu lado ajudando no que preciso. Hoje, passaram todo o dia que seria de folga por conta de um feriado prolongado, me ajudando na minha mudança e arrumação da casa. O pagamento para os dois? Café para o Sr. Antônio e Chery Coke para o Rodrigo. Por causa de pessoas assim, que a saudade de casa e dos filhos, em alguns momentos fica mais suportável.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O tempo passa

Sabe quando você lembra que precisa fazer uma coisa e quando resolve fazer acaba fazendo outra? Pois é, hoje lembrei que precisava imprimir um documento, assinar, scanear e enviar de novo por email. Fácil né?! Então, eu abri o email, baixei o arquivo e me lembrei que precisava instalar a impressora que estava de volta a caixa por conta da minha mudança. Estava na sala e me levantei para pegar a caixa que estava no quarto. Ao passar pelo corredor vi que em cima da bancada tinha esquecido um copo que ainda tinha um restinho de coca-cola. Peguei o copo pra colocar na pia da cozinha e então resolvi tomar mais um pouco. Abri a garrafa, coloquei no copo e vi que o lixo que ia jogar fora estava na porta. Antes de tomar o refrigerante peguei a sacola de lixo e fui dar uma conferida se tinha mais alguma coisa pra jogar fora. Entrei no banheiro e lembrei que também tinha que trocar a toalha de banho. Retirei a suja, coloquei no cesto e fui para o quarto pegar outra. Nesse momento o telefone tocou, atendi e 01 minuto depois liguei o outro computador pra gerar uma imagem que faltou e pediram em São Paulo. Pra variar o computador estava muito lento e a internet muito mais. Depois que gerei, voltei para o banheiro pra tomar banho. Depois do banho em um banheiro gelado com temperatura externa de 09 graus lembrei que não tinha tirado a impressora da caixa, não imprimi nem assinei o documento, também não scaneei e nem tampouco envie o email. Também não tinha tomado a coca-cola que coloquei no copo, não joguei o lixo fora e o pior de tudo, não tinha colocado outra toalha no banheiro. Imagine sair debaixo de uma água quentinha, dentro do box e encarar o gelo que estava do lado de fora pra pegar outra toalha fora do banheiro, molhando tudo pelo caminho?
Se você é que nem eu e já passou um pouquinho dos 30 anos de idade, faça uma coisa de cada vez e se concentre em cada uma delas. Ou então, comece a anotar tudo que tem pra fazer durante o dia ou acaba pegando uma pneumonia.

Terceiro Mundo? Parte 2




Na África do Sul existe um alto consumo de gás natural e quase nada é produzido no país. Boa parte do gás natural vem de Moçambique e por isso o Banco Sul Africano de Desenvolvimento (DBSA) tem investido milhões de euros naquele país. Boa parte desse gás é utilizado em usinas de ciclo aberto aumentando assim a quantidade de energia elétrica. Apesar de o custo da eletricidade na África do Sul estar entre os mais baixos do mundo, o forte crescimento econômico do país, a rápida industrialização e o programa massivo de eletrificação levou a que, no início de 2008, houvesse uma maior procura de energia. Entre vários programas desenvolvidos para aumentar a distribuição de energia elétrica à população e ao mesmo tempo desenvolver o uso de forma racional em tempos de maior procura como verão e inverno, o governo adotou um sistema prático e bastante eficaz de controle. Trata-se da energia pré-paga, conhecido como Telexus. A tecnologia desenvolvida é Sul-Africana. Esse sistema permite que o usuário tenha o maior controle do consumo de energia em sua residência. Funciona como o sistema de telefonia celular que você decide quanto quer consumir por um determinado período. O usuário vai até um posto de venda que funcionam em supermercados e em vários locais do comércio e também em lotéricas, fornece ao atendente o número de série do seu aparelho e diz quanto quer de energia. Recebe um demonstrativo com o seu código e ao chegar em casa digita esse código no aparelho e imediatamente tem sua energia computada em um painel digital. Daí em diante, basta manter o controle e sempre que precisar pode se repetir a operação. Esse é apenas mais um exemplo a ser seguido pelo Brasil que carece de controles como esse para que sua população mais carente possa evitar gastos desnecessários.

E ainda tem gente que chama a África do Sul de país de Terceiro Mundo. Será?

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dominação Chinesa












Em 38 anos de guerra não foi apenas uma tragédia que aconteceu em Angola. Foram milhões de tragédias: 02 milhões de mortos, 1,7 milhão refugiados, milhares de órfãos, 200 pessoas mortas de fome por dia, 80 mil crianças, velhos, homens e mulheres mutilados por milhões de minas enterradas pelo país. Em Angola, muitos povoados foram destruídos e muitas histórias foram interrompidas. Quando a guerra chegou ao fim em 2002, o país entrou em processo de reconstrução e as oportunidades de negócios se multiplicaram assustadoramente. Em Luanda por todos os lados que se olha existem obras de reconstrução. São milhares de casas, prédios residenciais e comerciais, estradas, aeroportos, portos e hidrelétricas. Como em todos os cantos do mundo, a China e os chineses estão espalhados também aqui pela África. Só em Angola são 70 mil chineses trabalhando. Um dos grandes projetos tocados por empreiteiras chinesas é a chamada Kilamba Kiaxi, a primeira cidade a ser construída totalmente desde o princípio. A Nova Cidade vai alojar cerca de 350 mil habitantes em 80 mil habitações sociais, com toda infraestrutura necessária para que os futuros moradores, tenham o mínimo de dignidade. Serão construídos prédios para serviços públicos integrados, escolas, hospitais, instituições financeiras, delegacias de policia, cemitérios e igrejas. As obras foram iniciadas em 2008 e já em 2012 serão entregues. Alguns brasileiros por aqui já apelidaram a cidade de “Brasília da África”. Os chineses em 03 anos de trabalho, praticamente já terminaram as obras. A vista da cidade ao longe é impressionante. Quem não sabe que ali é uma cidade em construção, imagina que já existe há muito tempo. Outra coisa que se comenta é o quanto é barata a mão-de-obra chinesa. Além disso, os trabalhadores asiáticos pela dificuldade de aprendizado da língua portuguesa, evitam sair às ruas e praticamente trabalham durante todo o dia. Uma piada comum é chama-los de cama quente. Isso porque, nos alojamentos destinados aos chineses uma cama serve para dois trabalhadores. Quando um trabalha o outro dorme, quando um chega do trabalho para dormir o outro vai para o trabalho. Nesse ritmo, as obras seguem sem parar 24 horas por dia. A feição desses homens é retraída e até um pouco triste. Difícil saber o que sentem, mas quem está fora do seu país, sabe o quanto devem sentir falta da família que deixaram na China.