segunda-feira, 18 de julho de 2011

18 de julho - Mandela Day - Dia de Mandela












Hoje, dia 18 de julho do ano de 2011, Nelson Mandela está fazendo 93 anos, 67 dos quais dedicados a uma causa. Promover a igualdade entre os povos, acabando com o preconceito racial, fazendo com que brancos e negros tenham o mesmo tratamento, respeitando suas diferenças. Africanista de princípio, foi moldando seu pensamento durante a luta contra a discriminação e o apartheid. No começo, defendia que os negros retomassem o país expulsando os brancos, mesmo que para isso fosse necessário o uso da força. Com o tempo, percebeu que isso o tornaria tão racista quanto os seus oponentes, e mudou de posição. Passou 27 anos na cadeia por defender o direito de simplesmente ser Nelson Mandela, um negro sul-africano, que mesmo com toda dificuldade estudou, tornou-se advogado. Teve o bom senso de recusar a liberdade quando ela lhe foi oferecida sob condições, só sendo realmente livre para pensar e agir de acordo com sua vontade e opinião. Eleito presidente, pela maioria negra e por boa parte dos brancos, teve a chance de massacrar quem o massacrou, mas não o fez. Até contra a vontade de muitos de seus apoiadores, mostrou que o país e o mundo são para todos. A ONU consagrou o 18 de julho a Nelson Mandela, por julgar sua luta e o seu legado, uma marca a ser seguida. Madiba, como é carinhosamente chamado na África do Sul e hoje amado por toda a nação. Pela segunda vez acompanhei os eventos realizados pelo país em comemoração ao seu aniversário. Nesse segundo dia 18 de julho, vendo brancos e negros juntos dedicando pelo menos 67 minutos de suas vidas em favor dos mais necessitados, pude sentir o quanto essa lenda chamada Nelson Mandela é capaz de mudar os sentimentos das pessoas, mesmo sem ter condições de sair às ruas para pedir pessoalmente que o bem seja repassado sem que algo em troca seja oferecido.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cotas Especiais



Como sempre fiz no Brasil, eu também reservo algumas moedas para "dar" a quem pede na rua, nos semáforos. A diferença, além do nome do semáforo que aqui é robot, os "pedintes" (nome feio esse né?!) não pedem simplesmente o seu dinheiro, eles trocam por algum serviço como recolher o lixo ou lavar o para-brisa do seu carro. Especificamente hoje, resolvi relatar isso porque um senhor que tá sempre em um mesmo ponto recolhendo lixo, me reconheceu e me pediu algum, dizendo que só estava ali na rua pedindo porque é um "homem negro", mas que tinha o coração vermelho como qualquer um. Em um bate-papo de alguns segundos e sempre se desculpando, me perguntou se no meu país era assim também. Confesso que na hora fiquei sem saber o que dizer, mas como não havia muito tempo pra pensar porque o sinal já estava verde e os carros começando a andar disse a primeira coisa que me veio a mente: _ No meu país não existe diferença entre brancos e negros, todos são tratados da mesmo forma. Me despedi, arranquei com o carro e um segundo depois pensei no que que tinha acabado de fazer. Contei uma grande mentira para aquele senhor. Isso aconteceu por volta das 16 horas, ainda pela manhã, tinha lido em um site brasileiro que o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral havia sancionado o decreto de número 43.007 que reserva 20% das vagas em concursos públicos no estado para negros e índios. Se isso existe, se no Brasil inteiro já tem uma lei que cria cotas em universidades, em elenco de programas de TV, em peças de teatro, fico sem saber se estamos ou não a frente da África do Sul que há cerca de 17 anos supostamente acabou com a segregação racial. Eu facilmente poderia me beneficiar dessas cotas por ter a pele morena e por ter o que sobrou do meu cabelo, crespo. Porém eu sou contra esse tipo de coisa por achar que a melhor maneira de ajudar os negros e índios é simplesmente dando a eles os mesmos direitos que os supostos brancos tem. No Brasil ainda que digam o contrário, o racismo é algo muito distante do que presencio aqui todos os dias. Se os "nossos" governantes tivessem um pouquinho que fosse de boa vontade, mudariam o sistema educacional de forma que todos, independente da cor tivessem os mesmos direitos e qualidade no ensino. Do jeito que a coisa anda, vou acabar brigando ai sim, por cotas para careca também. Competir com a maioria negra no Brasil seria muito complicado pra mim.