quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Maputo 2

Quando cheguei na África do Sul, percebi que algumas coisas, claro, eram bem diferentes do Brasil. Uma específica é o atendimento em restaurantes. Ao contrário dos nossos bares e restaurantes, onde os garçons estão sempre dispostos, prestativos e até disputam os clientes no dia-a-dia, aqui é não é bem assim. Até me acostumar com isso, entrei várias vezes em alguns lugares e fiquei esperando a boa vontade de algum funcionário distraído passar por mim, me ver e perguntar se queria alguma coisa. Essa semana, estive em Maputo, capital de Moçambique e percebi que o atendimento em Johanesburgo é maravilhoso comparado ao de lá. No primeiro dia, fui almoçar em um restaurante português ao lado do hotel que estava. Na verdade, restaurante português é o que mais tem na cidade. Ao entrar, lembrei do Saraiva, aquele personagem (tolerância zero), quando o garçom me perguntou se eu queria almoçar. Resposta afirmativa, tive que perguntar onde poderia sentar. A comida até que é boa, mas em um restaurante cheio, com pelo menos umas trinta mesas, só vi três pessoas atendendo a todos. Claro, esperei uns trinta minutos pela comida e quase fiquei bêbado com tanta coca-cola. Nem um pãozinho é servido enquanto se espera o prato principal. Porém, a melhor parte foi no jantar. Também perto do hotel entrei em um lugar parecido com um bar, bem frequentado, arejado. Mesma história, ambiente grande, duas atendentes. Antes de chegar ao local, passei em uma farmácia, comprei um remédio pra dor de cabeça. Sentei, esperei e depois de uns cinco minutos uma moça, talvez por pena veio me atender, antes não tivesse aparecido, assim eu teria ido a outro lugar. Pedi a ela uma água para tomar o remédio, uma coca-cola e o cardápio. Depois de uns cinco minutos, sem água, sem coca, sem cardápio chamei a moça pra perguntar se ia demorar. A resposta foi um "não é rápido". De fato foi, ela esticou o braço no balcão e me trouxe o cardápio. Saiu de novo, foi na cozinha e veio com uma bandeja trazendo uma taça de vinho para a mesa ao lado. Detalhe: O pedido do casal era um vinho e um suco, ela só trouxe o vinho. Passados uns oito minutos, ela voltou com o suco e nada da minha água ou coca-cola. Segurei o braço dela e de novo pedi de novo a mesma coisa e reforcei dizendo que estava com dor de cabeça e precisava tomar o remédio. Aproveitei aquele momento difícil e fiz logo o pedido do prato que queria. A moça foi em direção a cozinha e voltou com uma garrafa d'água, mas não trouxe nem um copo e nem a coca-cola. Perdi a paciência: _ vem cá moça, vocês estão em greve? Aquela outra moça ali não pode atender também? Pra que duas ou três viagens se você pode trazer tudo ao mesmo tempo? Eu devo ir embora e voltar outro dia, dando um tempo pra chegar o prato? Quem é o proprietário disso aqui? Coitada a moça não voltou mais a minha mesa, mas foi ótimo, como por encanto apareceu um outro garçom que só levou dois minutos pra trazer a coca-cola e mais uns dez minutos pra trazer o prato. Não sei se cuspiram nele ou pior, mas no fim sai de lá sem fome, sem dor de cabeça e menos nervoso.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Maputo 01




Sei que já tem um tempo que não escrevo nada por aqui, as vezes por falta de assunto, as vezes por falta de tempo, falta de saco e até por falta de leitores, mas hoje resolvi colocar umas palavrinhas, porque apareceu um assunto interessante. Quando vim pra África, em maio desse ano, como todo mundo, não precisei de visto. Na África do sul se você é brasileiro, que ainda é o meu caso, basta ter tomado vacina contra febre amarela dez dias antes da viagem, ter o passaporte e poderá entrar no país e ficar por três meses sem problemas. Depois disso, ou você pede uma prorrogação por mais três meses ou sai do país e entra de novo. Como tinha ido ao Brasil em agosto, meu visto de turista foi prorrogado, mas venceu ontem, dia 02 de novembro. Como meu visto de trabalho ainda está sendo analisado pelo consulado Sul Africano em São Paulo, precisei sair de lá e vim parar em Moçambique; uma viagem de uma hora de avião ou quatro horas e meia de carro, partindo de Johanesburgo. Minha vinda seria exclusivamente para passar uma noite e voltar no dia seguinte. Assim renovaria meu visto por mais três meses. Tinha até combinado com uns amigos de fazer um jantarzinho em casa para comemorar meu aniversário. Tudo mudou, vou passar meu aniversário aqui. Já estava longe de todos na África do Sul, agora ainda mais longe estando em Maputo. Como na semana que vem teria que voltar para cobrir a visita do Lula com sua amiga Dilma aqui em Moçambique, ficou mais fácil e mais barato continuar por aqui. Para sorte dos meus quase dois leitores, isso será motivo para mais alguns posts. Amanhã vou contar um caso interessante sobre o atendimento em restaurantes daqui.