sábado, 30 de abril de 2011

Sozinho, com um grande amigo (a)

Eu já passei pela experiência de morar sozinho quando era bem jovem com uns vinte anos e agora com um pouco mais de trinta, de novo. A diferença é que agora moro sozinho e bem longe de todos que conheço. Da primeira vez passei por alguns perrengues que facilmente resolvia por estar perto de todo mundo. Houve uma ocasião em que estava com muita gripe e sem nenhum remédio ou descongestionante lembrei que água quente com um pouco de sal pra inalação resolveria meu problema de entupimento nasal. Nunca descobri se era verdade. Depois de colocar a água pra ferver, fui pra cama e dormi. Umas duas horas depois por sorte, acordei com uma fumaça de alumínio queimado por toda a casa. Tentei me livrar de um problema e quase morri buscando solução. Agora que estou nessa segunda experiência e bem mais calejado, me vejo em situações estranhas. Quando vou tomar banho levo o celular para o banheiro, nunca se sabe o que pode acontecer né?! Já ouvi falar de estranhos acidentes no banheiro e o seguro morreu de velho. Hoje por exemplo, resolvi pegar o GPS no carro pra localizar um endereço que preciso ir. Depois de sair de casa, trancar a porta e andar uns vinte metros lembrei do celular, voltei pra pegar, claro. Essa vida de aventureiro solitário em terras longínquas não é fácil como parece. Por falar em GPS, às vezes me pego falando sozinho com ela. O GPS é uma menina, mas é teimosa como todas as mulheres. As vezes ela me manda ir para um lado e eu sei que é mais perto por outro lado. Claro, sou sempre mais confiável do que um GPS, "mulher" e sigo meus instintos. Não sei porque ela insiste sempre em teimar comigo. De um jeito ou de outro, aqui, meu melhor amigo é o GPS.

domingo, 24 de abril de 2011

Santuário do Elefantes






O nome é muito pomposo: "Santuário dos Elefantes" ou Elephant Sanctuary, mas o local nem é tão grande ou santificado assim. Aninhado nas Montanhas Magaliesberg, uma hora a partir de Joanesburgo e Pretória. Imaginei que chegaria a um lugar onde os elefantes fossem tratados como deuses ou santos, mas não é bem assim. Não digo que são mau-tratados ou explorados, mas o local nada mais é que um circo a céu aberto, onde as pessoas pagam para ver os elefantes de perto, para tocar neles, tirar fotos, alimentá-los e até passear em suas costas. Em turnos de cerca de duas horas os guias acompanham os visitantes que interagem com os animais e ouvem um pouco sobre esses gigantes que podem ser dóceis ou violentos. No parque os guias afirmam que não há nenhuma maneira de ter uma impressão mais forte e criar uma memória duradoura que através do contato mais próximo e pessoal e interação com um animal tão majestoso e impressionante como um elefante Africano. O fato é que em alguns momentos é incomodo para quem está ali, saber que aqueles animais mesmo tão grandes e fortes, não são livres e com isso parecem estressados e tristes.

sábado, 9 de abril de 2011

Terceiro Mundo?




Quando algumas pessoas no Brasil dizem que eu moro em um país de terceiro mundo, não sabe do que está falando. Só quem vive aqui, sabe que apesar de estar no continente africano, à África do Sul está anos luz a frente do Brasil em algumas coisas. É fato também e até já escrevi sobre isso, que em alguns casos o Brasil tá bem adiantado. Um exemplo claro do avanço que existe aqui é o sistema de documentação de automóveis. Quando você é parado em uma blitz, o policial não pede o documento do carro, apenas a carteira de habilitação, isso porque o documento que ai no Brasil é chamado de IPVA deve ficar afixado no para-brisa dianteiro. É um disco de papel, com um código de barras, que tem todo o histórico do veículo e é trocado todos os anos. O policial olhando pelo lado de fora sabe se o carro está com a documentação em dia ou não. Se ficar alguma dúvida, ele pode usar um leitor ótico para confirmação dos dados.

sábado, 2 de abril de 2011

Inveja e Vergonha

Duas palavras muito ouvidas nos últimos tempos no Brasil. Mesmo estando longe do meu país, confesso que ao acompanhar as notícias, tenho agido dessa forma, usando muito essas duas palavras.

Inveja:

Ficar desejando as coisas dos outros e não fazer força nenhuma pra conseguir naturalmente e por merecimento.

Esse é o significado literal da palavra, mas não é bem o meu sentimento. Apenas desejo muito para o Brasil a força que o povo do Japão tem demonstrado depois de mais uma catástrofe que assolou aquele país. Acompanhar pela TV, pela internet a vontade e garra de técnicos que arriscam a própria vida para conter o vazamento de radiação em uma usina nuclear é comovente e invejável. Ver os diretores responsáveis pela mesma usina se curvarem diante do mundo pedindo desculpas pelo acidente provocado por um terremoto de grande escala, seguido de um tsunami é ainda mais invejável. No Brasil, como diz a música, “bonito por natureza”, que não enfrenta intempéries vistas em outras regiões do mundo, quando acontece um apagão que deixa metade do país sem energia por 18 horas, um representante do governo vai a TV 72 horas depois para culpar os ventos, a chuva ou um técnico qualquer que não ligou o disjuntor na hora certa. Ai sou obrigado a usar a palavra:

Vergonha.

Sentimento penoso por se ter cometido alguma falta ou pelo temor da desonra.

Quando vejo famílias no Rio de Janeiro perderem suas casas e suas vidas por causa das chuvas de fim de ano e o governo nada fazer para impedir no ano seguinte as mesmas consequências, sinto muita vergonha. Em um país sério, governador e prefeitos renunciariam aos cargos ou seriam processados por não cumprirem a sua função precípua que é a de cuidar dos interesses do povo que o elegeu. A vergonha é ainda maior, quando prefeitura e governo de estado, em questão de horas liberam milhões para salvar o carnaval da cidade. Dinheiro para conter encostas, para urbanizar favelas, para evitar mortes não existe, mas para o carnaval, não falta nunca. Em 2008, centenas de pessoas perderam a vida e milhares ficaram desabrigadas por conta das chuvas que caíram em Santa Catarina. O governo federal que havia prometido ajuda, até hoje, abril de 2011, três anos depois, sequer enviou as barracas para alojarem os desabrigados daquele ano. A mesma tragédia aconteceu em 2009, 2010 e de novo este ano. As redes sociais na internet hoje servem como válvula de escape para quem quer mudar as coisas e colocar a boca no mundo. O grande problema é que essas mesmas pessoas esquecem de tudo isso nos anos eleitorais. Sei que não são sentimentos bons, mas Inveja e Vergonha é o que eu sinto hoje.

Constâncio Viana